A CONSTRUÇÃO DO FANTÁSTICO NA NARRATIVA MACHADIANA: LEITURA DOS CONTOS “A VIDA ETERNA”, “OS ÓCULOS DE PEDRO ANTÃO E “SEM OLHOS”

Diogo Nonato Reis Pereira

Resumo


Este artigo apresenta análise de três contos fantásticos de Machado de Assis publicados no Jornal das Famílias, “A vida eterna”, “Os óculos de Pedro Antão” e “Sem olhos”. Machado opta, nestes contos, por saídas racionais ao sobrenatural (o uso do espaço onírico, da imaginação ou da loucura) e dilui o gênero ao utilizar-se do humor, da reflexão sobre o fazer literário e da ambiguidade proposital – marca da ficção machadiana –, distinguindo-se do fantástico tradicional do século XIX. Além do deslocamento aos expedientes comuns ao gênero, Machado de Assis recheia suas histórias com cenas de casamento e de amores irrealizados, tópicas comuns à literatura romântica, como uma espécie de adequação ao programa editorial do Jornal das Famílias e a um público formado essencialmente por mulheres. As narrativas fantásticas de Machado, a considerar os contos examinados, revelam sua associação ao gênero ao mesmo tempo em que apresenta contornos particulares, deslocando-se dessa mesma tradição.


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ISSN  1807-9717


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