DO VIRTUAL AO REAL, DA POTÊNCIA AO ATO: A ENUNCIAÇÃO DO LEITOR
Resumo
O objetivo deste texto é pensar a passagem de leitor virtual a real através da teoria enunciativa de Émile Benveniste. Partindo da noção benvenistiana de enunciação, podemos conferir à leitura, pela sua ação interpretante, o status de ato enunciativo, no qual emerge o par “eu-tu” numa relação de inversibilidade, onde: “eu” é pessoa subjetiva e “tu” é pessoa não-subjetiva. A escrita é, então, intersubjetiva ao pressupor um leitor pela sua necessidade de referir através do texto enquanto unidade de discurso. Esse leitor figura a pessoa não-subjetiva em face da pessoa subjetiva que o autor representa, porém, não contém as condições necessárias para correferir, uma vez que se desmaterializa no ato da leitura. Esta, para cumprir seu papel interpretante e (re)instaurar as condições para a enunciação, desloca esse leitor pressuposto para o campo interpessoal, cedendo-lhe o caráter subjetivo. Desse modo, o mecanismo enunciativo da leitura que proponho supõe o deslocamento de leitor virtual a real como única possibilidade de produzir sentidos.
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ISSN 1807-9717
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