"2035", DE VERONICA STIGGER: ESTRANHAMENTO E DISTOPIA COMO CRÍTICA À VIOLÊNCIA
Resumo
O presente artigo visa analisar de que modo a construção do estranhamento e da distopia no conto “2035”, de Verônica Stigger, fornecem uma discussão acerca da violência perpetrada na sociedade contemporânea. Para entender o estranhamento, foram abordadas reflexões pautadas no prisma teórico do formalismo russo, bem como considerou-se a proposta artística de v-effekt, traduzido como “efeito de estranhamento”, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht e o estudo de Sigmund Freud, “O Inquietante”. A perspectiva da distopia foi discutida de acordo com a proposta de Hilário (2013), que entende as distopias como um “alarme de incêndio” com o intuito de conter as forças opressoras que ameaçam o futuro e promovem a “barbárie civilizada”. Por fim, a violência expressa no conto é entendida dentro de uma lógica de ritual sacrificial, na qual o sangue que é derramado dialoga com o sangue presente nos outros textos do livro Sul (2016). A narrativa alerta para as forças opressivas que promovem a violência, vitimando grupos sociais que se encontram em vulnerabilidade.
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ISSN 1807-9717
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