DOSSIÊ O CONTO BRASILEIRO NOS ÚLTIMOS 50 ANOS (1970-2020)

Cilene Margarete Pereira (UNINCOR) Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNICAMP)

Resumo


Revista MEMENTO, publicação da área de Letras da Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), classificada como B1 pelo Qualis/Capes (2013-02016), apresenta em sua segunda edição do ano de 2020, referente ao volume 11, número 2 (julho-dezembro de 2020), o dossiê temático O conto brasileiro nos últimos 50 anos (1970-2020).

Em relação ao tema, os dez artigos presentes no dossiê fazem uma análise aprofundada de um único objeto, isto é, de um conto apenas a partir de perspectivas teóricas e/ou críticas dos Estudos Literários, apresentando textos de autores diversos de nossa literatura.

No artigo Ecos fantásticos: breve estudo sobre a literatura fantástica no conto “Mater dolorosa” de Paulo Soriano, Débora Brauner analisa o conto citado, buscando compreender como manifestações do fantástico repercutem no texto de Soriano. Para a ensaísta, a narrativa do autor “atesta uma tendência de valorização, no ambiente cultural da contemporaneidade, do gênero fantástico, o qual, a rigor, em poucos momentos da literatura brasileira foi valorizado”.

O artigo de Anderson dos Santos, O negro no conto “Quizila” de Luiz Silva (Cuti), contempla, em sua análise, “questões raciais na formação de uma entidade do movimento negro”, evidenciando que “principais recursos literários de Cuti são a metáfora e a ironia.

Em “Carta nº 2”: paródia e metaficção historiográfica reconstruindo o descobrimento do Brasil, Amanda de Lacerda “toma como objeto de análise o conto “Carta nº 2”, de Reinaldo Moraes, que constrói uma paródia da Carta a El-Rey Dom Manuel, de Pero Vaz de Caminha, escrita em 1500”, discutindo “em que medida o conto apresenta uma contranarrativa à margem do cânone”.

Ian Costa, no artigo A naturalização da violência no conto “O jogo do morto”, de Rubem Fonseca, discute “a naturalização da violência a partir da sua constituição como prática lúdica”.

Tratando também do temário violência, Jéssica Barbosa analisa um conto de Veronica Stigger, no artigo “2035” de Veronica Stigger: estranhamento e distopia como crítica à violência, discutindo o conceito de estranhamento e de distopia e entendendo que “a violência expressa no conto é entendida dentro de uma lógica de ritual sacrificial, na qual o sangue que é derramado dialoga com o sangue presente nos outros textos do livro Sul (2016)”.

No artigo Aquilo que se espalha, adoece e mata: considerações sobre a morte e o morrer no conto “Metástase”, de Rodrigo Lacerda, Douglas Sacramento reflete sobre “como se dá essa relação de um homem enfermo diante da morte e da certeza de que vai morrer”, colocando “em pauta questões envolvendo a animalidade, a relação com a dor de estar prestes a morrer e com as categorias de mecanismos de defesas que circundam todo o conto”.

Rodrigo Mingotti, no texto O efeito sádico provocado pelas perspectivas jornalística e testemunhal no conto “O monstro”, de Sérgio Sant’anna, destaca, em sua análise, “o caráter estrutural do texto jornalístico e da literatura de testemunho no premiado conto”, no qual se aborda “os temas da violência moral e criminal”.

No artigo Entre duas histórias: o projeto literário ficcional da ordem em meio à desordem no conto “Boa noite, maria”, de Lygia Fagundes Telles, Pedro da Silva Neto reflete sobre o conto “a partir da perspectiva da ordem e desordem”, ideia que parte do posfácio de Fábio Lucas para o livro A noite escura e mais eu, de Telles, concluindo que o enredo da narrativa “seria o pretexto que camufla uma história secundária paralela com reflexões existencialistas”.

No artigo O canto do desastre: exílio e melancolia no conto “Bárbara no inverno”, de Milton Hatoum, Alexandre Fonseca Júnior discute o conto citado, observando que a personagem feminina “é assolada ao mesmo tempo pelos males do exílio e pelo abandono, fato culminante de seu desastre subjetivo”.

No artigo de Lara Guardiano, Memória e justiça em “Martelo”, de João Anzanello Carrascoza: o conto contemporâneo como sinalizador da realidade social brasileira, a ensaísta reflete sobre como o texto do autor, “que se desenvolve a partir da retomada da memória do narrador-protagonista, aborda, com uma sensibilidade ímpar, temas fortemente presentes na realidade brasileira, como a desigualdade, a injustiça social e a importância da criação de medidas afirmativas, a exemplo da política de cotas para ingresso em universidades”.

Além do dossiê temático apresentado acima, essa edição da Revista MEMENTO traz também a seção varia, com artigos diversos, relacionados aos estudos linguísticos e literários, e que apresentam resultados de estudos desenvolvidos no âmbito do Programa de Mestrado em Letras da UninCor.

Desejamos a todos os leitores uma ótima experiência!

 

Organizadores

Cilene Margarete Pereira (UninCor)

Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNICAMP)

 


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ISSN  1807-9717


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