APRESENTAÇÃO

Cilene Margarete Pereira, Kátia Aparecida da Silva Oliveira, Luciano Marcos Dias Cavalcanti, Thayse Figueira Guimarães (Organizadores)

Resumo


A Revista Recorte, do Departamento de Letras da Universidade Vale do Rio Verde, dedica seu volume 16, número 1, edição correspondente aos meses de janeiro a junho, aos Estudos da Memória, reunindo artigos de pesquisadores que refletiram, por meio de escopos teóricos e críticos pertinentes à área de Letras (Estudos Literários e Linguísticos), sobre o tema da memória, considerando as duas proposições seguintes: 1. Representação da memória em produções culturais e midiáticas brasileiras; 2. Relações entre memória, sociedade e história brasileiras. Além disso, os articulistas também se debruçaram sobre objetos culturais ou midiáticos específicos, propondo análises de corpus.

O dossiê, composto por doze artigos, é aberto com três artigos dedicados ao documentário brasileiro, dois deles tratando especificadamente da obra de Eduardo Coutinho. No artigo Memória cultural e recordação – narratividade e espera no documentário Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho, Mônica Gama e Erik Kluck refletem sobre o tema da memória no documentário citado, concluído em 1984, observando a trajetória conturbada de realização do filme e o estabelecimento de “uma rede entre memória, cultura e história brasileira”. Já Cilene Margarete Pereira, no texto O cinema documental (político) de Eduardo Coutinho: narrativa, personagens e memória, examina a trajetória do documentarista e sua proposta de alteridade, destacando aspectos composicionais como a construção e a memória das personagens em filmes como Cabra marcado para morrer, de 1984, e Peões, de 2004. Ana Cláudia Paschoal, no artigo Memória coletiva e apagamentos da memória no documentário Ninguém sabe o duro que dei, examina os fenômenos da memória coletiva e do esquecimento no documentário que aborda a trajetória de Wilson Simonal, de 2009.

Refletindo sobre a representação cultural em nossa música popular, o artigo Modernidade tardia brasileira e a invenção da memória no rap de Emicida, de Alexandre Carvalho Pitta, analisa “as articulações entre a obra musical de Emicida e os modos sugeridos pelo artista para promover reinvenções da memória e a identidade nacional brasileira” a partir da análise da canção “Obrigado, Darcy! (O Brasil que vai além)”, de 2014.

Articulados à análise da memória de espaços de pertencimento, estão os dois artigos seguintes. Em Relações entre memória, sociedade e história brasileiras no Almanaque Gentes e Lugares: leitura, cultura e linguagem, Valéria Cristina Ribeiro Pereira e Moema Rodrigues Brandão Mendes apresentam “reflexões ligadas ao trabalho de fomento à formação do leitor, cujas experiências geraram um projeto, desenvolvido, em duas versões, nos anos de 2009 e 2010, em duas escolas da Rede Municipal de Ensino de Juiz de Fora- MG”, tendo como objeto de análise as edições do almanaque citado. O artigo Memórias do lugar: a construção enunciativa da identidade e do pertencimento, de Ilderlândio Assis de Andrade Nascimento e Antonio Flávio Ferreira de Oliveira, examina enunciados retirados de postagens do Facebook, “que instituem lugares de memórias na construção do pertencimento e da identidade do sujeito” de Marcelino Vieira, pequena cidade do interior do estado do Rio Grande do Norte.

Dedicado ao estudo da memória em produções teatrais, está o artigo de Cláudia de Godoy Braz, Memórias contra o medo: articulações entre memória, história e teatro em tempos de exílio e repressão, que apresenta uma análise das relações entre história, memória, teatro e sociedade a partir de duas obras do dramaturgo brasileiro Augusto Boal, Murro em ponta de faca (1978) e Hamlet e o filho do padeiro: memórias imaginadas (2000).

Dedicado à articulação entre memória e poesia brasileira, Memória e poesia: uma leitura do poema “Infância, de Manuel Bandeira, de Luciano Marcos Dias Cavalcanti, investiga como se dá, na poética do autor, a presença da infância, destacando o poema “Infância”, do livro Belo, Belo, obra que se apresenta no liminar da década de 1950.

Os quatro últimos artigos desse dossiê apontam discussões sobre a representação da memória em narrativas ficcionais brasileiras. No texto Espectros da tradição na ficção brasileira: escravidão, violência e autoritarismo e seus fantasmas consistentes nas obras A Menina Morta, de Cornélio Penna, Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, de autoria de Felicio Laurindo Dias, temos a análise comparativa de “vestígios da escravidão, do patriarcalismo e das formas de autoritarismos” presentes nos romances citados, de 1954 e 1982, respectivamente. Terezinha Richartz, no texto As três Isauras: memórias da violência patriarcal em A dança dos cabelos, de Carlos Herculano Lopes, observa, no romance citado, publicado em 1987, porque a memória da violência patriarcal é tão presente na vida das protagonistas, nomeadas todas como Isaura. No artigo Sociedade, memória e literatura contemporânea: visitando as ruínas de Galiléia, Manuella Mirna Enéas de Nazaré examina o romance de Ronaldo Correia de Brito, de 2008, a partir das “dinâmicas de identidades e memórias”. Já o texto de José Carlos Dussarrat Riter, A invenção da memória ou a escrita do vivido em Lygia Fagundes Telles, discute as relações entre memória e criação ficcional na obra da escritora, tendo como corpus o livro de contos Invenção e memória, publicado em 2000.

Agradecemos a todos os articulistas que compuseram este volume, dedicado à representação da memória em produções culturais e midiáticas brasileiras, e esperamos que as discussões aqui elencadas possam contribuir para o debate na área de Letras.

 

Cilene Margarete Pereira Kátia Aparecida da Silva Oliveira Luciano Marcos Dias Cavalcanti Thayse Figueira Guimarães

 

Comissão organizadora


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ISSN: 1807-8591

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