ENTRE DUAS HISTÓRIAS: O PROJETO LITERÁRIO FICCIONAL DA ORDEM EM MEIO À DESORDEM NO CONTO “BOA NOITE, MARIA”, DE LYGIA FAGUNDES TELLES

Resumo

O presente artigo realiza uma leitura do conto “Boa noite, Maria”, de Lygia Fagundes Telles, presente na coletânea de contos A noite escura e mais eu (2009) a partir da perspectiva da ordem e desordem que Fábio Lucas (2009) apresenta no posfácio deste livro. O conto escolhido é representativo da tragédia humana da solidão e tematiza a autopreservação. Parte-se de reflexões interiores, que demonstram o caos que a personagem feminina protagonista vivencia, ressaltando sua importância narrativa para a criação do conto moderno existencialista, a que Telles se dedica, para chegar então no entendimento do aparente equilíbrio exterior que a personagem demonstra. Utiliza-se também o texto “Teses sobre o conto”, do argentino Ricardo Piglia (2004), presente no livro Formas breves, em que ele menciona que cada conto moderno encerra duas histórias, sendo uma explícita e a outra segredada; bem como o texto “Alguns aspectos do conto”, de Julio Cortázar, presente no livro Valise de Cronópio; entre outros estudos lygianos e sobre teoria do conto (teses e artigos) que se fazem necessários para a compreensão da escrita de Telles. A partir da análise de “Boa Noite, Maria”, conclui-se que o enredo do conto de Telles seria o pretexto que camufla uma história secundária paralela com reflexões existencialistas.